Como já dizia o avô de Roberto Jefferson...
Como já dizia o avô de Roberto Jefferson (aquele mesmo do mensalão) : “Em notícia de muito destaque, pode saber que tem algo por trás dela”. É uma frase sábia de quem com certeza já deve ter criado as suas próprias notícias de destaque. Então resolvi ver o que poderia haver por trás do referendo, e cheguei a algumas teorias da conspiração que demonstrarei agora.
Os políticos são os primeiros a ganhar com isso. O foco da opinião pública está na questão de desarmar o Brasil, tendo como símbolo o referendo. E enquanto isso acontece, os políticos estão livres para não investir em justiça social, segurança pública e uma reforma da estrutura jurídica brasileira. Estas são questões de apavorar cachorro doido chupando manga.
Os criminosos são os segundos a ganhar, porém de uma forma indireta. Todos eles, do pequeno ao grande, ganham devido à imobilidade do Estado em querer agir contra eles. Essa morosidade do Estado faz mais sentido ainda se considerarmos que os políticos estão ligados ao crime organizado. O sistema de leis no Brasil foi criado especialmente para abrir brechas aos criminosos e corruptos (aqui me refiro aos casca-grossas e não aos ladrões de galinha). E esse referendo, apesar de não criar brechas, cria uma situação confortável.
Os únicos que penso poderem ganhar de forma direta seriam os contrabandistas de armas, devido a um aumento do “comércio ilegal”. Porém esse aumento não será algo grandioso como se pode pensar. Isso porque de uma forma efetiva o comércio legal de armas continuará a funcionar no Brasil, diferentemente do que muitos andam dizendo por aí e tantos outros andam acreditando. Transcrevo o artigo 35, que é o que aprovaremos ou não no dia 23 de outubro, para demonstrar isso a vocês:
“Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo e munição em todo o território nacional, salvo para as entidades previstas no art. 6º desta Lei.”
Observem o termo “salvo”. Ali ele tem o significado de salvador da indústria de armas no Brasil. O grosso do comércio continuará funcionando e as quedas nas vendas serão pequenas. De acordo com Veja, o número de armas deixadas de vender por ano seriam em torno de 1250. Um número ínfimo, considerando os números que se passam nas propagandas do referendo.
As pessoas que estão fora do escopo do artigo 6 não conseguirão comprar armas, mas existe uma maneira muito fácil de burlá-lo. Basta entrar para um clube de tiro: Sócios de clube de tiro têm acesso a armas, algumas até de uso restrito. Portanto, aí está um terceiro segmento que tem a ganhar com o referendo.
O quarto segmento da sociedade seria a indústria de armas, aquela que todos acreditam ser a mais prejudicada. Ela ganha porque: primeiro, o foco contra a indústria de armas terá sido desviada, pois a população achará que criou uma “lei” (que na verdade é um artigo) que será efetiva e dura contra as armas; e segundo, poderá contar com um possível aumento das vendas com um aumento do “comércio” ilegal de armas.
Vejam bem, é um “possível” aumento. O comércio ilegal não é algo facilmente inquirido, e não sou Nostradamus para prever o futuro. Este aumento pode ser tão insignificante que talvez nem valha a pena falar ou poderá ser algo mais conciso, mas como foi dito não será algo grandioso. Eu creio que a maior influência que o referendo dará nesta questão será de fator psicológico: As pessoas comprarão somente porque acham que está proibido, e quando precisarem de uma arma, não pensarão duas vezes antes de comprá-la de forma ilegal.
E assim todos viverão felizes para sempre, até que a população comece a sentir na pele os possíveis efeitos negativos da própria “lei” que ela criou, ou então não sentir os efeitos que queria que tivesse. Mas aí são outros quinhentos...
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